O ciclo, o centro e o pernil


 São quatro horas da manhã, pessoas circulam em um espaço apertado, barulhento, cansadas de uma noite agitada na balada, e após uma noite de trabalho. Homens uniformizados correm por todos os lados atrás do balcão, levando cafés, sucos, refrigerantes, pães na chapa, salgados e o famoso pernil.

O ponteiro menor do relógio se move uma, duas vezes, o barulho recomeça. Pessoas bem vestidas com terno e gravata ou básicas, usando jeans e camisetas. Todas com pressa, um café ligeiro e o retorno ao trabalho.

A correria cessa, os apressados dessa vez retornam sem pressa, sentam, pedem, sorriem, conversam. É a hora do almoço. O que já era apertado se sufoca ainda mais, assemelha-se a um mar de gente, de jeitos, classes e estilos característicos do centro dessa selva de pedra. Mar no seu momento de descanso barulhento e caótico, para retornar ao trabalho ou aproveitar o dia de folga.


O espaço apertado vivência momentos de calmaria. O céu se tinge de tons mais fortes de cinza, o vento esfria no fim da última tarde do mês de agosto. As pessoas passam cansadas e a pressa retorna. Preocupação com o trânsito e o transporte sem estrutura, lotados.

A noite cai, o frio aumenta. Pessoas animadas com as perspectivas da noite, outras se preparam para o turno de trabalho. O ciclo não para, sete dias e 170 quilos de pernil por semana, as portas fechadas apenas no dia 31 de dezembro. Espaço apertado, ponto de referência no cruzamento da Rua da Consolação com a Av São Luís, é a lanchonete 24h, Estadão.

Foto por @fla_machado

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1 comentários:

bechara disse...

Muito legal a forma como um conto pôde ser usado como um texto informativo/jornalístico.Bastante criativo, principalmente a descrição do ambiente e das pessoas.Se todos os textos de jornais fossem assim com certeza seria muito mais interessante.